Comentários de filmes: “O Orfanato” (2007), “Fim dos Tempos” (2008) e “Big Bad Wolf” (2006)


O Orfanato (El Orfanato, Espanha / México, 2007) – Ótimo filme sobre fantasmas perturbados, com ambientação num casarão antigo, que serviu de orfanato no passado e que guarda um terrível e misterioso segredo oculto há décadas. Remete-nos diretamente para um outro excelente filme de casa assombrada, “Os Outros” (The Others, 2001), com a bela Nicole Kidman. Sem a exposição de sangue, e apenas explorando um horror psicológico, o filme é envolvente e prende a atenção do espectador à espera angustiante do desfecho.

Fim dos Tempos (The Happening, EUA, 2008) – Estreando nos cinemas brasileiros em 13/06/08, o cineasta indiano radicado nos Estados Unidos M. Night Shyamalan (especialista em filmes do gênero fantástico) nos brinda novamente com uma história intrigante. Estrelado por Mark Wahlberg (que é apenas um ator esforçado, mas nitidamente deficiente no ofício), acompanhado da bela morena de olhos azuis Zooey Deschanel, o filme mostra como um fenômeno natural pode levar a humanidade a pensar no “fim dos tempos”, como sugere o título nacional. E mostra também o poder da natureza em revolta contra a raça predominante do planeta, que progressivamente tem causado a sua destruição. O mais interessante é justamente acompanhar o drama dos protagonistas tentando sobreviver contra a ameaça de algo completamente estranho e misterioso, não sabendo como agir e nem para onde ir, num desconforto realmente perturbador.

Big Bad Wolf (EUA, 2006) – Filme de lobisomem que homenageia claramente o clássico “Um Lobisomem Americano em Londres” (1981), de John Landis, e que tenta inserir novas situações à mitologia tradicional da licantropia no cinema, com resultados questionáveis e reações diferentes entre os apreciadores do estilo. Particularmente, não gostei das piadas idiotas, dos adolescentes fúteis (ainda bem que morreram de forma dolorosa) e do fato do monstro falar com suas vítimas, apesar do uso constante de ironias e deboche contra suas presas vulneráveis. Mas, por outro lado, vale ressaltar a ousadia do diretor Lance W. Dreesen nas cenas fortes de violência, com sangue em demasia, tripas, desmembramentos, castração e diversas atrocidades exibidas à vontade. O filme preferiu explorar mais o lado humano (com as piadas e falas do predador) do que o lado animal na condição de uma fera irracional na mutação entre o homem e o lobo, e essa escolha pode influenciar na apreciação final do espectador. Em resumo, para mim esse fato foi negativo, mas houve a compensação com a enxurrada de sangue e vísceras. O final, convencional e óbvio, permite um gancho para continuação.