Resenha de filme: “Horror Hotel” (1960), com Christopher Lee


O filme tem Christopher Lee, fotografia em preto e branco, produção inglesa de 1960, e uma constante atmosfera sinistra numa história de bruxaria. A combinação desses elementos só poderia ter como resultado mais um item indispensável para os apreciadores do cinema de horror: “Horror Hotel” (The City of the Dead), dirigido por John Llwellyn Moxey e com roteiro de George Baxt, a partir de uma história de Milton Subotsky.
O prólogo é ambientado em 3 de Março de 1692, na pequena cidade americana de Whitewood, Massachusetts, onde uma feiticeira, Elizabeth Selwyn (Patricia Jessel), é condenada a morrer dolorosamente na fogueira, queimando viva na estaca e sentindo sua carne crepitar no fogo purificador. Seu cúmplice na magia negra, Jethrow Keane (Valentine Dyall), consegue escapar da sentença dos inquisidores apenas alegando inocência, mas secretamente ele revela sua identidade ao solicitar a ajuda de Lucifer para salvar a alma da bruxa.
A ação passa para centenas de anos depois, onde o sinistro historiador e professor Alan Driscoll (Christopher Lee) está ministrando uma palestra sobre bruxaria, e consegue convencer uma de suas alunas, Nan Barlow (Venetia Stevenson), a utilizar suas férias numa viagem de pesquisas sobre o assunto, sugerindo para ela ir até a cidade de Whitewood, e se hospedar no único hotel existente, o “Ravens Inn”, de propriedade da misteriosa Sra. Newless (também interpretada por Patrícia Jessel).
Uma vez hospedada na cidade, a jovem estudante decide explorar o local e ao tentar visitar uma igreja, recebe um aviso assustador de um padre cego, Reverendo Russell (Norman Macowan) para partir imediatamente, pois sua vida corre perigo. Após ela desaparecer misteriosamente, a neta do padre, Patrícia Russell (Betta St. John), que administrava um antiquário, decide procurar o irmão da moça, o professor de ciências Richard Barlow (Dennis Lotis), que juntamente com o namorado de Nan, Bill Maitland (Tom Naylor), partem para a cidade.
Lá, eles descobrem as atividades de uma seita de satanistas que fazem sacrifícios de jovens garotas em duas datas por ano, em eventos conhecidos como “Candleman Eve” e “Witch Sabbath”, onde eles ridicularizam os rituais da igreja e reforçam o pacto com o demônio para se manterem eternos.
A seqüência inicial de “Horror Hotel” é certamente um dos destaques do filme, reproduzindo uma cena comum no século XVI, onde mulheres eram impiedosamente queimadas vivas na estaca, acusadas de bruxaria por fanáticos religiosos. Na época, a maioria absoluta era formada por pessoas inocentes que sofriam na carne a dor do fogo imposta por inquisidores equivocados. Mas, no filme a vítima revelou sua identidade e jurou vingança com a ajuda do demônio.
Outro destaque também é o incessante clima sinistro que envolve a pequena cidade de Whitewood, sempre coberta por uma névoa fantasmagórica, parecendo ocultar um mal opressor, somando-se aos misteriosos habitantes encarando de forma hostil os forasteiros que chegam.
Christopher Lee está jovem (na época tinha 38 anos), em um de seus primeiros filmes depois de ser descoberto no final da década de 1950 como um ator de grande potencial e carisma para personagens tiranos e vilões, fazendo aqui um enigmático historiador de ocultismo. Ele que ficou eternamente associado ao papel do lendário conde vampiro “Drácula”, numa infinidade de filmes, principalmente da “Hammer”.
“Horror Hotel” é um filme com fotografia em preto e branco, curto (apenas 76 minutos), tem Christopher Lee na liderança do elenco e foi a primeira produção do estúdio inglês “Amicus”, que na época tinha o nome de “Vulcan Productions”. Criado por Milton Subotsky e Max J. Rosenberg, a “Amicus” tornou-se a maior rival da poderosa e cultuada produtora “Hammer”, fazendo filmes como “Grite, Grite Outra Vez” (Scream, Scream Again, 69), “O Soro Maldito” (I, Monster, 72), “A Fera Deve Morrer” (The Beast Must Die, 74), e as antologias de contos “As Torturas do Dr. Diabolo” (Torture Garden, 67), “A Casa Que Pingava Sangue” (The House That Dripped Blood, 70), “Contos do Além (Tales From the Crypt, 72), “Asilo Sinistro” (Asylum, 72), “A Cripta dos Sonhos” (Vault of Horror, 73), “Vozes do Além” (From Beyond the Grave, 73), entre outros.
Na Inglaterra, o filme é conhecido pelo nome original “The City of the Dead”, e nos Estados Unidos ele recebeu o título alternativo de “Horror Hotel”. E para a satisfação dos colecionadores e fãs de filmes antigos, essa preciosidade foi lançada em DVD no Brasil pela “Fantasy Music” em Setembro de 2006, sem materiais extras.