O POSTHUMAN TANTRA, projeto musical do artista multimídia Edgar Franco, foi assunto de entrevista pelo importante portal de música italiano ALONE MUSIC.
Leia a entrevista original em italiano no link:
Leia a entrevista original em italiano no link:
Ou confira a versão traduzida para o português abaixo.
Entrevista do POSTHUMAN TANTRA para o portal de música Italiano ALONE MUSIC. Conduzida por Shifter
Olá Edgar e seja bem vindo à ALONE MUSIC! Vamos começar a entrevista.
1. O Seu projeto musical chamado"Posthuman Tantra" é, sem sombra de dúvida, um dos mais estranhos que eu já ouvi. Você poderia nos descrever como ele surgiu e por quê?
Obrigado por seu comentário, termos como "extremo", "estranho", "louco" são adjetivos muito usados para qualificar minha arte, isso acontece pelo fato dela ser difícil de rotular e buscar algo novo. O Posthuman Tantra surgiu como parte natural do desenvolvimento de meu universo ficcional intitulado “Aurora Pós-humana” -mundo ficcional futuro baseado na fusão entre DNA & Silício, com novas criaturas que mixam humano, animal, vegetal e máquinas. Nesse planeta Terra hipotético do futuro convivem três espécies de seres: os Tecnogenéticos (frutos da hibridização entre humanos, animais e vegetais – possuem corpos humanimais e podem se assemelhar a formas míticas como centauro & sereia), os Extropianos (são seres humanos que transferiram sua consciência para um chip de silício e passaram a viver em um corpo robótico) e os Resistentes (humanos propriamente ditos que estão em processo de extinção). Esse universo tem servido de base para a criação de meus trabalhos artísticos em múltiplas mídias. O “Posthuman Tantra” surgiu em 2004 como um desdobramento sonoro de minhas expressões visuais e narrativas - um abissal e psicodélico sonho sci-fi industrial - o nome do projeto instiga a pensarmos uma relação aparentemente paradoxal entre tecnologia e misticismo transcendental – na verdade a base geral das músicas propõe a interação entre esses universos: uma reflexão sobre processos tecnognósticos.
2. Por quê a opção por uma sonoridade tão aterradora e obscura?
Na verdade o Posthuman Tantra mostra a escuridão para provocar um olhar diferenciado em direção à "luz". Vivemos em um mundo à beira do colapso total ou em vias de realizar o salto quântico que levará a humanidade a um novo patamar de consciência. Desde a Revolução Industrial, do advento da visão cartesiana-materialista da vida, a nossa espécie desconectou-se da totalidade, passamos a nos entender como partes desconectadas da natureza e desenvolvemos um sistema de vida completamente egoísta e egocentrista. Toda a destruição do planeta parte do princípio de que somos criaturas independentes dele, esquecemos que, na verdade, somos todos partes de um grande sistema vivo chamado Gaia! O monetarismo desenvolveu também uma busca desastrosa pelo "ter", a felicidade passou a depender de objetos e esse sistema ensinou-nos não só a desprezar Gaia, mas desprezarmos e competirmos com nossa própria espécie. A publicidade é a "magia negra" do nosso tempo, pois ela mobiliza bilhões de seres humanos e trabalha em favor desse sistema egolucrativo, e a publicidade trabalha com imagens "belas". Veja só, alguns bancos lucram milhões e ajudam a explorar populações empobrecidas, mas fazem propagandas com famílias felizes em parques verdejantes! Montadoras de veículos (que estão pesteando o planeta com a praga egoísta dos fálicos carros) mostram jovens e belos casais dirigindo por ruas vazias e parques lindos (mentira deslavada!). Publicidade bela e limpa também é utilizada por sistemas dogmáticos, sobretudo as religiões. Por isso eu abdico dessa limpeza luminosa falsa que contaminou a publicidade e os dogmas, da escuridão reflexiva florescerá a nova luz!
3. Quais os objetivos que você tem ao criar sua música?
O Posthuman Tantra acredita na possibilidade de reconexão de nossa espécie com sua essência cósmica e nas entrelinhas de minha música pseudo-obscura vislumbro a luz. É uma anti-propaganda vinda da cultura underground, o nigredo necessário para implodir o egomonetarismo ultrajante através da difusão do pós-humanismo pela via da ressonância morfogenética. Minha música reflete sobre as imbricações entre homem e tecnologia no contexto atual e futuro, hora apresento uma visão distópica - um dos caminhos possíveis, o fim de nossa doce/amarga raça humana pela hipertecnologização egoísta e desconectada (fábulas da destruição, uma Terra vazia pós-humana sem humanos!), mas em outras músicas retrato minha esperança na singularidade, no momento em que os avanços tecnológicos produzirão uma nova consciência transcendente, levando a humanidade à uma reconexão absoluta com o cosmos - nesse momento seremos pós-humanos, ultrapassaremos tudo aquilo de podre que o egocentrismo e o esquecimento da visão sistêmica causaram a Gaia e a nós mesmos -, seremos uma nova pós-humanidade. Enfim, as músicas do Posthuman Tantra são sigilos caoticistas que evocam essa tensão tecnognóstica luz-escuridão.
4. Em seu álbum "Neocortex Plug-in" eu encontrei uma faixa multimídia na qual você descreve um mundo pós-moderno onde sexo e violência com andróides malignos e crianças convivem juntos. Você realmente imagina um mundo assim no futuro ou isso é apenas uma assusatadora e insana história?
Está é uma das visões negras de futuro hipertecnologico, na faixa multimídia "Game-o-tech 2.0" são crianças pós-humanas de moralidade modificada que brincam de ferir criaturas transgêncas vivas criadas em laboratórios futuros de multinacionais da biotecnologia. A vida é tratada como um produto e ao invês de destruir avatares num game de computador as crianças agora matam e ferem essas criaturas - tratadas somente como produtos! Veja que acontece coisa parecida com a indústria mundial da carne, as vidas de nossas espécies irmãs tornaram-se simples produtos. Eu espero que essa história seja apenas um de meus sigilos obscuros e que o futuro não caminhe nessa direção, mas se não resgatarmos a visão sistêmica pode vir a tornar-se realidade.
5. Deixando a violência de lado, eu gostei muito dos desenhos da faixa multimídia do CD, quem é o criador deles?
Eu sou o criador de toda a música e arte relacionada ao Posthuman Tantra - um projeto multimídia. Todos os desenhos do encarte, arte da capa e da faixa multimídia são de minha autoria. Em meu próximo CD, intitulado "Transhuman Reconnection Ecstasy", a ser lançado pela Legatus Records ( www.legatusrecords.net ) em 2009, teremos uma nova faixa multimídia nesses moldes.
6. Parece que você não confia no uso da tecnologia contemporânea. Isso é verdade?
É como eu disse anteriormente, não sou um tecnófobo, acredito em muitas benesses tecnológicas e na possibilidade de alcançarmos um desejável novo patamar de consciência transcendente através de processos tecnológicos ligados a ancentrais processos de conexão com o universo. Acho que, lembrando o artista Roy Ascott e o etnobotânico Terence McKenna, devemos aliar as possibilidades de três realidades: a realidade validada (nossa vida material, baseada na percepção dos 5 sentidos), a realidade vegetal (baseada na ingestão de enteógenos - as drogas de poder que nos fazem vislumbrar nossa dimensão universal, visões de conexão que já existiam desde a ancestralidade e foram esquecidas e renegadas pelo cartesianismo-egoísta-monetarista) e finalmente as novas realidades virtuais (a possibilidade de criação de mundos simulados e a expansão da consciencia in silício). Somar uma vivência contínua dessas 3 realidades à expressão artística pode levar-nos a um outro patamar como espécie. No entanto a tecnologia baseada na geração de lucro e na alimentação do ego humano pode nos levar ao fim. Veja que já temos dezenas de opções energéticas limpas e superiores ao petróleo - energia solar, geotérmica, eólica, das marés, etc. Mas o truste global do petróleo insiste em manter a exploração dessa energia poluente e a indústria automobilística renegou o carro elétrico. Não existe visão sistêmica, eles estão preocupados em encher seus bolsos e só, o lucro impede a verdadeira e boa tecnologia de avançar! A Internet está implodindo a indústria do entretenimento que transformou a arte em lucro e as multinacionais não sabem o que fazer, o fato é que a rede é uma tecnologia tão avançada e bela que transcende esse sistema baseado no lucro, é uma luz nesse túnel podre do lucro. A Internet é a "Noosfera" de Chardin, uma rede que ligará todas as mentes do Globo, se as multinacionais não destruirem sua essência, seremos uma só mente no futuro, a mente Gaia!
7. Como a crítica musical em geral reagiu ao ouvir o CD "Neocortex Plug-in"?
Muitos não entenderam bem a proposta, pois minha música exige um mergulho profundo e destruição de certos paradigmas arraigados para que a viagem seja completa! É preciso livrar-se de seus dogmas e desejar criar novas conexões neuronais para navegar nas ondas do Posthuman Tantra. Por outro lado vários críticos inteligentes que aceitaram esse mergulho entenderam a proposta e elogiaram muito o trabalho, "Neocortex Plug-in" recebeu nota 9 na versão brasileira da revista alemã Rock Hard e o Posthuman Tantra foi muito elogiado em outras resenhas de veículos importantes do gênero como The Machinist (Bielorrúsia), Judas Kiss (Inglaterra), PAN.O.RA.MA Occult Magickal Web Journal (Colombia), entre outros.
8. Quais sensações você quer transmitir para as pessoas?
Algo de dor, um pouco de prazer, mas principalmente o desejo de reconectar-nos à nossa verdadeira essência universal e infinita!
9. Existe alguma coisa que lhe dá arrepios e o deixa assustado? E ao contrário disso, o que o deixa feliz?
Sim, o tecnoegoísmo me deixa assustado! Em meu país, o Brasil, esse ano (2009) são vendidos por hora 500 novos carros, enquanto nascem apenas 15 pessoas por hora! O governo continua apoiando as montadoras de carros com isenção de impostos e infestando as ruas com milhões de escapamentos poluentes - para mim os carros são como cavaleiros do apocalipse - por isso optei por não dirigir, não ter carro. Eu gostaria muito de ganhar uma Ferrari pois seria maravilhoso destruí-la completamente em um show do Posthuman Tantra, demonstraria todo o meu repúdio a essa indústria selvagem que está ajudando a levar nossa espécie ao abismo! E isso é uma promessa e um desafio! Desafio todas as montadoras de carros a me darem carros, destruirei todos eles em performances do Posthuman Tantra, convoco todos aqueles que têm verdadeiro amor pela Terra a fazerem o mesmo! O que me faz verdadeiramente feliz é criar - buscar atingir a transcendência através da arte e poder compartilhar com as pessoas meu ideal de reconexão com Gaia e com o Cosmos! Também sou feliz ao compartilhar um dia tranquilo de sol com minha amada esposa, com meus 4 cães e 4 gatos, passear com eles nas florestas próximas à minha casa, encontrar verdadeiros amigos e a minha família!
10. Eu li que sua música é a trilha sonora de ficção científica ambient para a aurora pós-humana. Que tipo de filme inspira você? Você se lembra de Blade Runner?
Eu gosto muito de cinema, principalmente ficção científica, poderia ficar o dia inteiro aqui citando filmes, mas além do maravilhoso Blade Runner, citarei outros 4 que considero seminais pelas questões que evocam: Gattaca, de Andrew Niccol; Tetsuo-The Iron Man, de Shinya Tsukamoto; eXistenZ & Videodrome, de David Cronenberg.
Obrigado pela entrevista, achei as perguntas inteligentes e sagazes! Os interessados em saber mais sobre o Posthuman Tantra e meus outros trabalhos como artista multimídia visitem: www.myspace.com/posthumantantras . Um abraço pós-humano a todos.
Contatos:
Prof. Dr. Edgar Silveira Franco
http://www.posthumantantra.legatusrecords.net/
Entrevista do POSTHUMAN TANTRA para o portal de música Italiano ALONE MUSIC. Conduzida por Shifter
Olá Edgar e seja bem vindo à ALONE MUSIC! Vamos começar a entrevista.
1. O Seu projeto musical chamado"Posthuman Tantra" é, sem sombra de dúvida, um dos mais estranhos que eu já ouvi. Você poderia nos descrever como ele surgiu e por quê?
Obrigado por seu comentário, termos como "extremo", "estranho", "louco" são adjetivos muito usados para qualificar minha arte, isso acontece pelo fato dela ser difícil de rotular e buscar algo novo. O Posthuman Tantra surgiu como parte natural do desenvolvimento de meu universo ficcional intitulado “Aurora Pós-humana” -mundo ficcional futuro baseado na fusão entre DNA & Silício, com novas criaturas que mixam humano, animal, vegetal e máquinas. Nesse planeta Terra hipotético do futuro convivem três espécies de seres: os Tecnogenéticos (frutos da hibridização entre humanos, animais e vegetais – possuem corpos humanimais e podem se assemelhar a formas míticas como centauro & sereia), os Extropianos (são seres humanos que transferiram sua consciência para um chip de silício e passaram a viver em um corpo robótico) e os Resistentes (humanos propriamente ditos que estão em processo de extinção). Esse universo tem servido de base para a criação de meus trabalhos artísticos em múltiplas mídias. O “Posthuman Tantra” surgiu em 2004 como um desdobramento sonoro de minhas expressões visuais e narrativas - um abissal e psicodélico sonho sci-fi industrial - o nome do projeto instiga a pensarmos uma relação aparentemente paradoxal entre tecnologia e misticismo transcendental – na verdade a base geral das músicas propõe a interação entre esses universos: uma reflexão sobre processos tecnognósticos.
2. Por quê a opção por uma sonoridade tão aterradora e obscura?
Na verdade o Posthuman Tantra mostra a escuridão para provocar um olhar diferenciado em direção à "luz". Vivemos em um mundo à beira do colapso total ou em vias de realizar o salto quântico que levará a humanidade a um novo patamar de consciência. Desde a Revolução Industrial, do advento da visão cartesiana-materialista da vida, a nossa espécie desconectou-se da totalidade, passamos a nos entender como partes desconectadas da natureza e desenvolvemos um sistema de vida completamente egoísta e egocentrista. Toda a destruição do planeta parte do princípio de que somos criaturas independentes dele, esquecemos que, na verdade, somos todos partes de um grande sistema vivo chamado Gaia! O monetarismo desenvolveu também uma busca desastrosa pelo "ter", a felicidade passou a depender de objetos e esse sistema ensinou-nos não só a desprezar Gaia, mas desprezarmos e competirmos com nossa própria espécie. A publicidade é a "magia negra" do nosso tempo, pois ela mobiliza bilhões de seres humanos e trabalha em favor desse sistema egolucrativo, e a publicidade trabalha com imagens "belas". Veja só, alguns bancos lucram milhões e ajudam a explorar populações empobrecidas, mas fazem propagandas com famílias felizes em parques verdejantes! Montadoras de veículos (que estão pesteando o planeta com a praga egoísta dos fálicos carros) mostram jovens e belos casais dirigindo por ruas vazias e parques lindos (mentira deslavada!). Publicidade bela e limpa também é utilizada por sistemas dogmáticos, sobretudo as religiões. Por isso eu abdico dessa limpeza luminosa falsa que contaminou a publicidade e os dogmas, da escuridão reflexiva florescerá a nova luz!
3. Quais os objetivos que você tem ao criar sua música?
O Posthuman Tantra acredita na possibilidade de reconexão de nossa espécie com sua essência cósmica e nas entrelinhas de minha música pseudo-obscura vislumbro a luz. É uma anti-propaganda vinda da cultura underground, o nigredo necessário para implodir o egomonetarismo ultrajante através da difusão do pós-humanismo pela via da ressonância morfogenética. Minha música reflete sobre as imbricações entre homem e tecnologia no contexto atual e futuro, hora apresento uma visão distópica - um dos caminhos possíveis, o fim de nossa doce/amarga raça humana pela hipertecnologização egoísta e desconectada (fábulas da destruição, uma Terra vazia pós-humana sem humanos!), mas em outras músicas retrato minha esperança na singularidade, no momento em que os avanços tecnológicos produzirão uma nova consciência transcendente, levando a humanidade à uma reconexão absoluta com o cosmos - nesse momento seremos pós-humanos, ultrapassaremos tudo aquilo de podre que o egocentrismo e o esquecimento da visão sistêmica causaram a Gaia e a nós mesmos -, seremos uma nova pós-humanidade. Enfim, as músicas do Posthuman Tantra são sigilos caoticistas que evocam essa tensão tecnognóstica luz-escuridão.
4. Em seu álbum "Neocortex Plug-in" eu encontrei uma faixa multimídia na qual você descreve um mundo pós-moderno onde sexo e violência com andróides malignos e crianças convivem juntos. Você realmente imagina um mundo assim no futuro ou isso é apenas uma assusatadora e insana história?
Está é uma das visões negras de futuro hipertecnologico, na faixa multimídia "Game-o-tech 2.0" são crianças pós-humanas de moralidade modificada que brincam de ferir criaturas transgêncas vivas criadas em laboratórios futuros de multinacionais da biotecnologia. A vida é tratada como um produto e ao invês de destruir avatares num game de computador as crianças agora matam e ferem essas criaturas - tratadas somente como produtos! Veja que acontece coisa parecida com a indústria mundial da carne, as vidas de nossas espécies irmãs tornaram-se simples produtos. Eu espero que essa história seja apenas um de meus sigilos obscuros e que o futuro não caminhe nessa direção, mas se não resgatarmos a visão sistêmica pode vir a tornar-se realidade.
5. Deixando a violência de lado, eu gostei muito dos desenhos da faixa multimídia do CD, quem é o criador deles?
Eu sou o criador de toda a música e arte relacionada ao Posthuman Tantra - um projeto multimídia. Todos os desenhos do encarte, arte da capa e da faixa multimídia são de minha autoria. Em meu próximo CD, intitulado "Transhuman Reconnection Ecstasy", a ser lançado pela Legatus Records ( www.legatusrecords.net ) em 2009, teremos uma nova faixa multimídia nesses moldes.
6. Parece que você não confia no uso da tecnologia contemporânea. Isso é verdade?
É como eu disse anteriormente, não sou um tecnófobo, acredito em muitas benesses tecnológicas e na possibilidade de alcançarmos um desejável novo patamar de consciência transcendente através de processos tecnológicos ligados a ancentrais processos de conexão com o universo. Acho que, lembrando o artista Roy Ascott e o etnobotânico Terence McKenna, devemos aliar as possibilidades de três realidades: a realidade validada (nossa vida material, baseada na percepção dos 5 sentidos), a realidade vegetal (baseada na ingestão de enteógenos - as drogas de poder que nos fazem vislumbrar nossa dimensão universal, visões de conexão que já existiam desde a ancestralidade e foram esquecidas e renegadas pelo cartesianismo-egoísta-monetarista) e finalmente as novas realidades virtuais (a possibilidade de criação de mundos simulados e a expansão da consciencia in silício). Somar uma vivência contínua dessas 3 realidades à expressão artística pode levar-nos a um outro patamar como espécie. No entanto a tecnologia baseada na geração de lucro e na alimentação do ego humano pode nos levar ao fim. Veja que já temos dezenas de opções energéticas limpas e superiores ao petróleo - energia solar, geotérmica, eólica, das marés, etc. Mas o truste global do petróleo insiste em manter a exploração dessa energia poluente e a indústria automobilística renegou o carro elétrico. Não existe visão sistêmica, eles estão preocupados em encher seus bolsos e só, o lucro impede a verdadeira e boa tecnologia de avançar! A Internet está implodindo a indústria do entretenimento que transformou a arte em lucro e as multinacionais não sabem o que fazer, o fato é que a rede é uma tecnologia tão avançada e bela que transcende esse sistema baseado no lucro, é uma luz nesse túnel podre do lucro. A Internet é a "Noosfera" de Chardin, uma rede que ligará todas as mentes do Globo, se as multinacionais não destruirem sua essência, seremos uma só mente no futuro, a mente Gaia!
7. Como a crítica musical em geral reagiu ao ouvir o CD "Neocortex Plug-in"?
Muitos não entenderam bem a proposta, pois minha música exige um mergulho profundo e destruição de certos paradigmas arraigados para que a viagem seja completa! É preciso livrar-se de seus dogmas e desejar criar novas conexões neuronais para navegar nas ondas do Posthuman Tantra. Por outro lado vários críticos inteligentes que aceitaram esse mergulho entenderam a proposta e elogiaram muito o trabalho, "Neocortex Plug-in" recebeu nota 9 na versão brasileira da revista alemã Rock Hard e o Posthuman Tantra foi muito elogiado em outras resenhas de veículos importantes do gênero como The Machinist (Bielorrúsia), Judas Kiss (Inglaterra), PAN.O.RA.MA Occult Magickal Web Journal (Colombia), entre outros.
8. Quais sensações você quer transmitir para as pessoas?
Algo de dor, um pouco de prazer, mas principalmente o desejo de reconectar-nos à nossa verdadeira essência universal e infinita!
9. Existe alguma coisa que lhe dá arrepios e o deixa assustado? E ao contrário disso, o que o deixa feliz?
Sim, o tecnoegoísmo me deixa assustado! Em meu país, o Brasil, esse ano (2009) são vendidos por hora 500 novos carros, enquanto nascem apenas 15 pessoas por hora! O governo continua apoiando as montadoras de carros com isenção de impostos e infestando as ruas com milhões de escapamentos poluentes - para mim os carros são como cavaleiros do apocalipse - por isso optei por não dirigir, não ter carro. Eu gostaria muito de ganhar uma Ferrari pois seria maravilhoso destruí-la completamente em um show do Posthuman Tantra, demonstraria todo o meu repúdio a essa indústria selvagem que está ajudando a levar nossa espécie ao abismo! E isso é uma promessa e um desafio! Desafio todas as montadoras de carros a me darem carros, destruirei todos eles em performances do Posthuman Tantra, convoco todos aqueles que têm verdadeiro amor pela Terra a fazerem o mesmo! O que me faz verdadeiramente feliz é criar - buscar atingir a transcendência através da arte e poder compartilhar com as pessoas meu ideal de reconexão com Gaia e com o Cosmos! Também sou feliz ao compartilhar um dia tranquilo de sol com minha amada esposa, com meus 4 cães e 4 gatos, passear com eles nas florestas próximas à minha casa, encontrar verdadeiros amigos e a minha família!
10. Eu li que sua música é a trilha sonora de ficção científica ambient para a aurora pós-humana. Que tipo de filme inspira você? Você se lembra de Blade Runner?
Eu gosto muito de cinema, principalmente ficção científica, poderia ficar o dia inteiro aqui citando filmes, mas além do maravilhoso Blade Runner, citarei outros 4 que considero seminais pelas questões que evocam: Gattaca, de Andrew Niccol; Tetsuo-The Iron Man, de Shinya Tsukamoto; eXistenZ & Videodrome, de David Cronenberg.
Obrigado pela entrevista, achei as perguntas inteligentes e sagazes! Os interessados em saber mais sobre o Posthuman Tantra e meus outros trabalhos como artista multimídia visitem: www.myspace.com/posthumantantras . Um abraço pós-humano a todos.
Contatos:
Prof. Dr. Edgar Silveira Franco
http://www.posthumantantra.legatusrecords.net/