Confiram o curta metragem independente nacional “Necrochorume” (2012), de Geisla Fernandes



Esta é uma obra fictícia baseada em um sério problema ambiental. Os microorganismos, bactérias e vírus liberados durante o processo de apodrecimento dos corpos sepultados podem transmitir doenças por meio da ingestão ou contato com água contaminada pelo necrochorume.
E é dessa forma que muitas pessoas são vítimas de hepatite, febre tifoide, paratifoide, tuberculose e escarlatina, entre outras enfermidades.
Hoje, quase 90% dos cemitérios públicos estão em situação irregular no Brasil e 3/4 deles apresentam solo e lençol freático comprometidos.
Embora a Resolução 335 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) preveja a obrigatoriedade do licenciamento dos cemitérios, a regularização pouco avançou no País.
Baseado numa pesquisa verídica sobre um problema ambiental recorrente em alguns cemitérios de pequeno e grande portes do Brasil, brotou o Necrochorume, curta-metragem que carrega o nome do líquido proveniente da decomposição dos corpos, o qual através do lençol freático subterrâneo, passou a misturar-se às águas destinadas ao consumo humano.
O necrochorume, através da água, carrega os vírus inativos dos mortos para o corpo saudável dos vivos, onde tornam-se ativos. Na ficção, trabalhamos com o vírus que primeiro causa uma infecção generalizada, trazendo dor fulminante, consequente "morte", e posterior zumbificação do organismo infectado.
A transformação é rápida e o curta tem como foco, o ponto de vista de Zeca, um jovem do campo que é pego de surpresa em um almoço familiar, no qual leva sua namorada para ser apresentada. Durante a breve narrativa, Zeca enfrentará o dilema: fome versus amor.
O ponto chave do filme é mostrar o perigo que a burocracia e a falta de cuidado nos cemitérios podem trazer à população, dentro de uma narrativa fantasiosa de humor negro, na qual o consumo da água contaminada transforma os cidadãos em zumbis, causando uma epidemia crescente, do interior do Brasil para o resto do mundo.