Comentário de filme: “A Dama na Água” (Lady in the Water, 2006), de M. Night Shyamalan


O cineasta indiano radicado nos Estados Unidos M. Night Shyamalan tornou-se famoso de forma instantânea em 1999 com “O Sexto Sentido” (The Sixth Sense). A partir daí, ele lançou outros filmes que não conseguiram igualar o mesmo resultado, mas que o rotularam como um diretor comercial associado ao gênero fantástico, sempre apresentando histórias interessantes (onde também é o autor dos roteiros). Foram assim com “Corpo Fechado” (Unbreakable, 2000), “Sinais” (Signs, 2002) e “A Vila” (The Village, 2004). É um cineasta comercial, pois seu nome já desperta um interesse especial como marketing para a indústria de cinema, também reforçado por trabalhar com atores renomados como Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Mel Gibson, Joaquin Phoenix, Adrien Brody, William Hurt, Sigourney Weaver e Paul Giamatti. Seu perfil está definitivamente ligado ao fantástico, pois todos os seus filmes mais importantes investem na utilização de situações sugestivas (ao invés de violência e sangue) e sempre possuindo fortes elementos de horror, suspense, ficção científica e fantasia. Aliás, esse último sub-gênero é o foco principal de “A Dama na Água” (Lady in the Water, 2006), que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 01/09/06.
Um zelador de um condomínio de prédios, Cleveland Heep (Paul Giamatti), que vive atormentado por um passado marcado por violência, encontra uma bela mulher, Story (Bryce Dallas Howard), que surgiu da piscina. Ele descobre que ela é uma “narf”, uma criatura aquática que veio para tentar ajudar a humanidade. Porém, ela é ameaçada por uma fera similar a um lobo, com pelagem verde e extremamente agressiva, que a impede de retornar ao seu mundo. Cabe ao zelador descobrir todos os elementos que envolvem literalmente esse “conto de fadas” para tentar salvar a vida de Story e ajuda-la a retornar para casa.
Shyamalan baseou-se numa história poética e sensível que criou para contar aos seus filhos, transformando-a em filme. Aliás, um filme com ritmo mais cadenciado, investindo mais num drama com elementos fantásticos, apresentando uma mitologia com seres retirados tipicamente de uma “história de ninar”. Apesar da narrativa excessivamente pausada, da falta de situações mais tensas, da existência de alguns personagens patéticos e sem importância, além do desfecho previsível e convencional (fugindo totalmente das reviravoltas e finais surpresas de seus filmes anteriores), “A Dama na Água” tem seus bons momentos de entretenimento, principalmente nas cenas entre Cleveland e Story, com ótimas interpretações de Paul Giamatti (que atuou sob forte maquiagem na versão de 2001 de “Planeta dos Macacos”) e da jovem Bryce Dallas Howard (que também esteve em “A Vila”).