“Slayer” faz seu primeiro show da turnê brasileira de 2006 na “Via Funchal” em São Paulo


“I am the Antichrist. All love is lost. Insanity is what I am. Eternally my soul will rot.”
– “The Antichrist”, LP “Show No Mercy”, 1983

O dia 01/09/06, uma Sexta-Feira, foi um caos em São Paulo: primeiro porque choveu muito na cidade, deixando o trânsito excessivamente tumultuado, e segundo porque foi a primeira apresentação da turnê brasileira de 2006 da lendária banda americana de Thrash Metal “Slayer”. Quando saí de minha casa por volta das 20:30 horas na região de Interlagos em direção à “Via Funchal”, na Vila Olímpia, sabia que o trânsito estava ruim, mas não tão caótico a ponto de quase não chegar a tempo para o início do show.
Curiosamente, já próximo da “Via Funchal”, fiquei quase que eternamente atrás de uma van que tinha um cartaz interessante colado no vidro traseiro: “Lutar sempre. Vencer talvez. Desistir jamais.”. São palavras sábias e utilizei-as como incentivo para não desanimar com o inacreditável trânsito (se fosse a pé, acho que seria mais rápido), e lutar para chegar no destino e poder prestigiar o show do “Slayer”.
A abertura ficou por conta da banda “Ungodly”, da Bahia, detonando um Death Metal de ótima qualidade, numa apresentação rápida que terminou por volta das 22:20 horas. O vocalista fez questão de fazer uma homenagem para duas personalidades importantes do cenário mundial do metal extremo, citando as mortes recentes de Jon Nödtveidt (da banda sueca “Dissection”) e do guitarrista Jesse Pintado (que tocou no “Napalm Death” e “Terrorizer”). O “Ungodly” fez um show com muita energia, num brutal e autêntico Death Metal, divulgando seu CD de estréia, que tem o nome da banda e cuja capa estava reproduzida num enorme pano de fundo no palco. Isso apenas evidencia de forma honrada a qualidade do metal extremo nacional. Anteriormente estava programado para a banda canadense “Thine Eyes Bleed” fazer a abertura, mas no final acabou sendo muito boa a escolha de uma banda nacional.
Por volta das 22:55 horas subiu ao palco os veteranos americanos do “Slayer”, uma banda muito cultuada por todo o mundo e com mais de 25 anos de carreira, sendo uma das precursoras do Thrash Metal mundial. Um dos grandes interesses do show foi poder ver a formação original novamente, relembrando os velhos tempos de meados dos anos 80, com o baixista, vocalista e líder Tom Araya, os guitarristas Kerry King e Jeff Hanneman, e o baterista Dave Lombardo, que foram os responsáveis por discos clássicos como “Show No Mercy”, “Haunting the Chapel”, Hell Awaits” e “Reign in Blood”.
Outra curiosidade é que me lembro perfeitamente quando a “Woodstock Discos”, conhecida loja localizada no centro de São Paulo, começou a lançar no Brasil os discos de vinil de várias bandas internacionais, isso por volta do final dos anos 80. E o primeiro LP lançado foi justamente “Show No Mercy”, sendo que fiz questão na época de comprar a minha preciosa cópia, a qual está intacta até hoje comigo.
O show do “Slayer” foi curto, com aproximadamente uma hora e quinze minutos, terminando poucos minutos depois da meia-noite, e além da divulgação do novo CD “Christ Illusion”, eles presentearam os fãs com vários petardos sonoros antigos como “Raining Blood”, “Hell Awaits” e “The Antichrist”, citando apenas alguns, e Tom Araya concluiu perguntando ao público se eles estariam no show do dia seguinte, no mesmo local. A tentação foi muito grande, mas pelo menos no meu caso, já estava satisfeito com o primeiro show, pois o preço “salgado” do ingresso (mezanino a R$ 130,00 e pista a R$ 100,00) estava bem difícil de encarar novamente.
Discografia: “Show No Mercy” (83), “Live Undead” (84), “Haunting the Chapel” (EP, 84), “Hell Awaits” (85), “Reign in Blood” (86), “South of Heaven” (88), “Seasons in the Abyss” (90), “Decade of Aggression” (91), “Divine Intervention” (94), “Undisputed Attitude (96)”, “Diabolus in Musica (98)”, "Christ Illusion" (06).